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ITABUNA-BA

quarta-feira, 24 de março de 2010

Caso Isabela Nardoni

Para perita, marcas em camiseta comprometem pai

A perita Rosângela Monteiro, do Instituto de Criminalística (IC), disse em depoimento à Justiça que as marcas de poeira na camiseta do réu Alexandre Nardoni só podem ter sido causadas pela pressão de seu corpo contra a tela que protegia a janela por onde o corpo da menina Isabella Nardoni foi jogada. Segundo a perita, testes feitos com a tela original e com um modelo da mesma altura e peso de Alexandre comprovaram que as marcas só ficariam impressas na roupa se a pessoa estivesse segurando um peso de, no mínimo, 25 quilos.

"As marcas não foram produzidas por alguém que simplesmente passou a cabeça pela tela", afirmou Rosângela ao júri. A perita está sendo ouvida pelo juiz Maurício Fossen e pelos sete jurados desde as 10h30 de hoje. Às 13h12, o juiz interrompeu a sessão para um intervalo de uma hora. Assim que o julgamento for retomado, Rosângela será questionada pelo advogado dos réus, Roberto Podval.

Rosângela coordenou a perícia feita no apartamento do casal Nardoni, onde Isabella foi morta em março de 2008. A perita é testemunha tanto da acusação como da defesa no processo. Na primeira parte de seu depoimento, a perita foi questionada pelo promotor do caso, Francisco Cembranelli. Rosângela falou sobre a análise feita pela Polícia Científica em uma fralda encontrada dentro de um balde com água no apartamento dos Nardoni.

"Havia dezenas de roupas sujas pelo apartamento, a máquina de lavar estava vazia, então a fralda no balde chamou a atenção, pois estava fora de contexto", disse ao juiz. De acordo com a perita, a fralda tinha duas ou três manchas acastanhadas que, a partir de exame, comprovou-se serem de sangue humano. "A fralda foi usada dobrada para tamponar um sangramento. É possível concluir isso pelo desenho da mancha na fralda", disse a testemunha.

Perguntada por Cembranelli se havia a possibilidade de o reagente usado no teste provocar um resultado falso, Rosângela explicou que é possível, mas que o erro costuma ser detectado por um perito experiente. Segundo ela, pela intensidade e duração da luz emitida pela mancha durante o exame, a amostra era sangue.

Cena do crime

O promotor questionou ainda a perita sobre a reprodução simulada do crime, feita no Edifício Residencial London. A testemunha explicou que os procedimentos naquele momento eram "meramente ilustrativos" e que não havia necessidade de arremessar a boneca, que representava Isabella, pela janela ou reproduzir o corte na tela de proteção, igual ao feito pela pessoa que jogou a menina.

"Se eu tivesse o corpo da vitima à disposição para a reprodução simulada, e o jogasse da janela, ele cairia cada vez de uma forma diferente. Isso não prova nada", explicou a perita. "Nunca foi procedimento pericial arremessar objetos para ver a trajetória da queda", emendou.

A perita reafirmou que na cadeirinha de bebê do carro de Alexandre foi encontrado material genético de Isabella e de um dos filhos do casal. O material, explicou a perita, não é necessariamente sangue, mas pode ser, por exemplo, saliva ou vômito.

Antes de o juiz conceder o intervalo da sessão, Rosângela confirmou à assistente de acusação, Cristina Leite, que do prédio localizado ao lado do London seria perfeitamente possível escutar uma eventual discussão ocorrida no apartamento em que ocorreu o crime. Moradores do edifício vizinho ao London disseram na época do crime, em depoimento à polícia, terem ouvido uma briga no apartamento dos Nardoni na noite do assassinato.

Réus

Durante as explicações, Rosângela mostrava aos jurados, sob a orientação do promotor do caso, fotos dos objetos a que se referia, como a fralda e as manchas de sangue encontradas no apartamento. Imagens dos testes com a tela de proteção, feitas no IC, foram mostradas em um telão. Alexandre Nardoni, que estava sentado à direita do telão, esticou-se para ver a apresentação, acompanhando atentamente cada palavra de Rosângela. O réu chamou duas vezes o assistente de defesa durante o depoimento da perita.

Já Anna Carolina Jatobá, sentada ao lado de Alexandre, permaneceu a maior parte do tempo recostada na cadeira. Quando Rosângela Monteiro afirmou que as marcas da tela de proteção na camiseta de Alexandre só poderiam ter sido causadas por alguém que tivesse inclinado na janela para jogar a menina, Anna Jatobá encarou a perita.

Alexandre veste camiseta verde clara, calça jeans, tênis preto e óculos de grau. Anna Carolina está de blusa rosa claro, calça jeans preta e sapatilhas lilás, com as unhas pintadas de branco. A ré está com o cabelo preso em um rabo de cavalo.

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